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Boca do Amazonas
Sociedade e cultura em Dalcídio Jurandir
Autor: Willi Bolle
Editora: Edições Sesc
Avaliação:
R$ 88,00 á vista
Em até 4 de 22.00 s/juros
Fora de estoqueCódigo: 9788594932167
Categoria: Teoria e Critica Literária
Descrição Saiba mais informações
Texto de orelha Este é um livro predestinado. Willi Bolle, antigo corredor da São
Silvestre, professor calejado que trocou desde sua primeira juventude
a Alemanha pelo Brasil (e não se arrependeu!), volta a nos surpreender
com este ensaio emocionado-emocionante sobre a Amazônia vivida
e representada por um escritor inigualável, que a ela dedicou obra e
existência inteiras, por quase meio século e dez romances, desde o início
dos anos 1940 ao final dos 1970: Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras,
1909 – Rio de Janeiro, 1979).
Bolle informa-nos, em sua apresentação, que este Boca do Amazonas
encerra a trilogia iniciada com os ensaios Fisiognomia da metrópole
moderna (1994), em que desponta São Paulo como protagonista, e
grandesertão.br: o romance de formação do Brasil (2004), sobre a obra-
-prima de Guimarães Rosa. Ambos inspirados de modo inventivo e
nada burocrático nas reflexões de Walter Benjamin sobre o narrador
moderno. Boca do Amazonas segue essa mesma trilha, mas eu diria
que, invertendo a ordem cronológica e espacial da viagem que levou
seu autor da megacidade ao sertão e à infinita Amazônia, é agora
a Amazônia que volta com sua fúria e beleza, com suas palavras a
decifrar, com sua natureza, cultura e povos ameaçados a nos invadir,
a nos questionar, a nos sorver em seu turbilhão de águas colossal.
Água que é também fogo destruidor, entre tanta poesia e quase total
incompreensão – do lado de cá dito civilizado.
Se Dalcídio permaneceu “regional”, é porque as elites do Centro-Sul-
-Sudeste do Brasil, ao contrário do que apregoam agora algumas de suas
vozes oficiais, nunca incorporaram a Amazônia à sociedade e cultura
nacionais. Nunca a consideraram como patrimônio socioambiental e
fonte de conhecimento científico e humanístico inesgotáveis. A ser, sim,
protegida dos ávidos predadores de sempre, única forma de garantir a
soberania da nação sobre o seu próprio destino. Mas, não: deixaram-na
ao sortilégio de entradas, bandeiras e monções, aos barões da cobiça
extrativista e predatória de ontem e hoje, aos escravistas, genocidas e
etnocidas de sempre. Aos aventureiros da desgraça que aí estão. E tal
processo, permanente na Colônia, no Império e na República, só se fez
acelerar desde os anos 1970, e mais ainda no século atual.
Pois com este “Ciclo do Extremo Norte” magistral que nos legou
Dalcídio, aqui revisitado com amor e argúcia admiráveis por Willi
Bolle, a leitura da Amazônia, especialmente dessa Boca do Amazonas
que constitui a brilhante civilização marajoara-paraense, ganha novos
ângulos, cores e sobretudo vidas, passadas e presentes.
Ao ficar mais de uma década debruçado sobre seu objeto de estudo,
Bolle não deixou por menos. Quem o conhece não se admira, de
fato, pois reúne como poucos o dom do mestre à paixão sem cura do
pesquisador-viajante. Viajou por toda a Amazônia e fixou residência
numa das metrópoles mais belas do Brasil: Belém do Pará.
E, para atestar a vitalidade da literatura de Dalcídio Jurandir,
trabalhou coletivamente na escola estadual de ensino fundamental e
médio (EEEFM) Dr. Celso Malcher, em Belém, levando ao palco, com
professores e alunos de lá, montagens teatrais de vários romances do
autor em pauta. A escola está localizada no bairro pobre e periférico
de Terra Firme, vizinho do rio Guamá e do campus da Universidade
Federal do Pará. Esse mergulho numa das realidades mais pungentes do
universo de Dalcídio contou ainda com a valiosa colaboração do Naea,
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. Toda essa riquíssima experiência
dramatúrgica foi incorporada ao presente volume, com fotos e textos
que trazem o tema das periferias urbanas para o centro da cena e
da leitura. E para o centro da educação: não poderia haver melhor
homenagem a Dalcídio, que tinha a escola como bandeira – atualmente
rasgada pelas autoridades que deveriam zelar por ela.
Comecei dizendo que este é um livro predestinado. Sim, porque traz
ao cerne de nossos estudos literários, culturais, históricos e sociais
– Bolle, sabiamente, e ao contrário de certos modismos pedantes,
nunca os separou – a Amazônia que nos falta redescobrir: a do
arquipélago de Marajó, a da metrópole belenense, a de suas periferias
urbanas-regionais-planetárias, a dessa cidade mágica que é Gurupá, na
confluência do rio Xingu com o delta do Amazonas. Delta que equivale
a boca e que são na verdade muitas bocas: as dos “romances-rios” de
Dalcídio e as dos que têm fome.
Com clareza de mestre que ama seu ofício e exatidão meridiana de
viajante que não quer se perder, Willi Bolle é o dono da bola e da voz,
e nos dá uma goleada de Brasil. Devemos – urgentemente – resgatar a
Amazônia sequestrada e trazê-la para o âmago da história brasileira e do
mundo contemporâneo, aqui e agora, antes que as visões dessa utopia
comunitária entre ilhas, cidades, rios e florestas não sejam apenas
clareiras desmatadas e a memória do nunca mais.
Francisco Foot Hardman
Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp
Acabamento | Brochura |
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Páginas | 352 |
Data de publicação | 22/02/2020 |
Formato | 23 x 16 x 1.8 |
Lombada | 1.8 |
Altura | 1.8 |
Largura | 16 |
Comprimento | 23 |
Tipo | pbook |
Número da edição | 1 |
Subtitulo | Sociedade e cultura em Dalcídio Jurandir |
Classificações BISAC | LIT007000; LIT024050; HIS033000 |
Classificações THEMA | NHK; DS; DSBH |
Idioma | por |
Peso | 0.486 |
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