Como se fosse um mergulho no mar, "O vento traz o perfume da tua ausência" lança o leitor por inteiro na Arte de Noemia Alonso, tanto na forma de pintura, de escultura ou de poesia, trazendo, em cada uma delas, uma marca própria. A Arte é a forma que a autora escolheu para conhecer o mundo e é através de suas percepções e sensações estéticas, que Noemia vai traçando o mapa do caminho a percorrer. É através dos olhos da Arte que ela vê o Universo inteiro. Assim é que a Natureza se torna presença viva e frequente em sua poesia. O mar, a noite, o Sol, a Lua, o vento, as flores, todos parecem íntimos, como se fossem companheiros de viagem. À medida que lemos o livro e percebemos diferentes estados de espírito, os poemas vão criando contornos mais firmes e se adensando. Noemia não tem medo de escancarar sua dor ou sua solidão, não tem receio de se declarar mesmo que algumas vezes se decepcione por lhe faltar acolhida, por não se sentir compreendida. Ao lado da alegria e da beleza que a Natureza pode proporcionar, uma tristeza silenciosa perpassa com dedos trêmulos alguns de seus melhores versos, como “Mendiga de Amor” ou “Coração em Retalhos”. É uma poesia carregada de um amor profundo e incondicional. Mas é também a tristeza da solidão. Uma solidão sempre criativa em que ela se retrai, pois através dela consegue sentir o mais profundo de seu ser. E então, em seguida, essa tristeza é superada por uma força interior que a impele para a mágica da vida a qual ela se entrega completamente. É essa energia vital que a faz pendurar “uma Lua branca na noite triste e escura”. E faz com que a desesperança dê lugar à luz clara do renascer, à renovação da vida, quando “botões de rosas vermelhas florescem das feridas...” A crença profunda na arte faz Noemia terminar o livro com um apelo: “O mundo precisa de arte. O mundo precisa de artistas. Será a voz de nossos corações O último som que irá ecoar no mundo”, novamente!