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Cartas de amor
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A coleção Pessoa na Tinta-da-China Brasil ganha um novo volume, com organização, edição e apresentação de Jerónimo Pizarro, o maior especialista nos manuscritos de Fernando Pessoa.
Depois de livros inéditos no Brasil que oferecem novas perspectivas sobre um dos maiores poetas da modernidade — como Sobre o fascismo, a ditadura portuguesa e Salazar, com escritos de Pessoa sobre a ditadura salazarista, 136 pessoas de Pessoa, sobre o heteronimismo vasto do poeta (que vai muito além de Caeiro, Reis e Campos) e de Como Fernando Pessoa pode mudar a sua vida —, surgem agora as Cartas de amor, obra que mostra mais uma face inusitada de um autor já tão estudado.
Pessoa se envolve por vezes em intrigas e desconfiança, dá algumas desculpas esfarrapadas — “não foi por culpa minha, mas do meu sono, que faltei à combinação” —, vale-se de diminutivos e, por vezes, até emula uma vozinha de bebê. Este é um conjunto textual de “obsessiva puerilidade”, como já definiu Mourão-Ferreira, uma ponte direta para a infância.
A poesia vai se mostrando nas cartas, em figuras de linguagem como a metáfora e a hipérbole, além de repetições e de um ritmo bem trabalhado. Surgem charadas, apelidos carinhosos que Pessoa e Ofélia usavam um com o outro e também para partes do corpo — Ofélia é “íbis”, “nininha”, ou às vezes uma “vespa”, uma “víbora”, seus seios são chamados de “pombinhos”, e os “beijinhos” são “jinhos”. Notamos também as voltas de linguagem típicas do autor de “Autopsicografia”: “Como não quero que diga que eu não lhe escrevi, por efetivamente não lhe ter escrito, estou escrevendo”.
Os heterônimos também aparecem como personagens das conversas. “Todas as cartas de amor são ridículas”, sentenciou Álvaro de Campos em um de seus poemas, provavelmente depois de ter se intrometido na correspondência entre Pessoa e Ofélia. Vemos Pessoa escrevendo para Ofélia com bom humor, mas também mostrando-se hipocondríaco, dramático e um tanto autocentrado, dedicado a um propósito maior (a escrita), subordinado “à obediência a Mestres que não permitem nem perdoam”.
São alguns os casos de figuras brilhantes que queriam se dedicar à obra e listaram uma série de impedimentos para o casamento, como Einstein e Kafka. Pessoa é o mesmo tipo de gênio, que em algumas das cartas reunidas neste volume coloca a escrita como objetivo principal da vida e a possibilidade do casamento como um entrave.
Quando chegamos às cartas de Madge Anderson, no fim do volume, vemos finalmente uma mulher colocando-o na linha ao chamá-lo de “velho tonto dramático”.
Há no livro há uma seção de poemas que apareceram nesse contexto de correspondência, além de fac-símiles, fotos e imagens dos objetos que foram colecionados pelos namorados, como caixas de bombons. O livro também acompanha muitas idas e vindas de comboio, pelas ruas, praças, pelos cafés, largos e cais. Uma geografia afetiva de um tempo e um lugar.
Páginas | 208 |
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Data de publicação | 25/04/2025 |
Formato | 13 x 18.5 x 3 |
Largura | 18.5 |
Comprimento | 13 |
Tipo | pbook |
Número da edição | 1 |
Classificações BISAC | BIO007000; LIT014000; LIT024060 |
Classificações THEMA | DSC |
Idioma | por |
Peso | 0.35 |
Lombada | 3 |